O “NÃO !” para crianças

O “NÃO !” para crianças 
Luiz Carlos Crozera
Por que é preciso dizer não ?
Depois de uma geração que tudo permitia aos filhos, agora educar é saber impor limites .
Os pais do mundo moderno, rodeado de tanta tecnologia, sabem o quanto é difícil educar filhos. Na hora do banho, o pequeno chora e esperneia. Só come na frente da televisão. Nas lojas, quando vê um brinquedo novo na vitrine, faz birra até que você decida comprá-lo. Para os pais de hoje, nascidos ou educados nos anos 60 e 70, lidar com essas situações é mais complicado do que se imagina. Dar uma palmada ou impor um castigo, nem pensar. Afinal, essa geração cresceu ouvindo dizer que nada é mais saudável do que deixar as crianças exercitarem suas próprias emoções, limites e potencialidades. E agora? O que fazer com o adolescente que passa a madrugada na frente do computador, dorme até tarde e deixa as roupas espalhadas pelo quarto?

Dizer “não” é um desafio que está além das forças e convicções de muitos pais e mães. Muitos chegam a ter medo de entrar em confronto com os filhos. Não sabem o que pode resultar de um embate. Acontece que muitos pais modernos se tornaram modernos em excesso. A liberdade excessiva, ensina agora um número crescente de psicólogos e pedagogos, produz adultos sem noção de limites e responsabilidades.

A psicoterapeuta inglesa Asha Phillips, afirma que desde os primeiros meses de vida dos bebês os pais devem estabelecer claramente certos limites. “Pais que se recusam a dizer não nos momentos apropriados estão roubando de seus filhos a capacidade de exercitar suas emoções”, afirma.

Como e quando dizer não ?
Compete aos pais escolher a hora e a forma adequada de dizer não. Espancar ou impor castigos físicos é, evidentemente, um comportamento inaceitável nos dias de hoje. “Mas um tapinha simbólico, bem de leve, num momento de birra, pode ser uma atitude saudável”.

É errado permitir que uma criança faça escândalo no supermercado ou no meio da rua porque se cansou de acompanhar os pais nas compras, está com sono ou deseja uma simples balinha. Da mesma forma, os adolescentes precisam ter horários para chegar em casa e saber respeitar os demais membros da família. “Frustração, raiva, ódio, disputa e privação fazem parte do aprendizado de uma criança tanto quanto o amor, o carinho e o afeto que ela deve receber dos pais”.

Como tudo na vida, impor limites é também uma questão de bom senso. Castigos e reprimendas não têm utilidade alguma se na relação entre pais e filhos também não houver diálogo, compreensão, amor e carinho. Quando se diz não, é preciso explicar claramente por quê. Senão, o castigo pode ser entendido como arbitrariedade ou vingança. “Às vezes um choro, ou uma bagunça exagerada, é apenas um pedido de ajuda do filho”. Muitas vezes as crianças pedem limites, se os pais acabem cedendo, elas ficam sem parâmetros para a vida.

Limite para crianças de 1 a 3 anos:
Os pequenos precisam da orientação firme dos pais para aprender o que pode e o que não deve ser feito.
Quando começa a andar, o pequeno vive um processo de transformação para tornar-se independente. Tem vontade própria, não aceita mais o controle total sobre sua vida, quer fazer tudo sozinho e do seu próprio jeito. Em outros momentos, pede colo e não gosta de perder você de vista. Se tratá-lo como um bebê, estará freando o seu desenvolvimento, já que a criança aprende com a experiência. Por outro lado, é necessário dizer “não” diante de situações perigosas – ir para a rua, brincar com a tomada de força, tocar no forno quente – e para atitudes que possam ferir o outro – bater nas pessoas, jogar coisas no irmão menor, puxar o rabo do gato. O desenvolvimento intelectual nessa fase é diferente do de uma criança mais velha. Sua memória ainda não está totalmente desenvolvida e por isso as regras precisam ser repetidas várias vezes.

Desafios e frustrações
A criança não entende a relação de causa e efeito. É capaz de subir numa escada e só depois perceber que não sabe descer. Também não quer esperar nem 1 minuto: quer chupar o sorvete logo e reclama da demora para tirar o papel.

Os desafios do cotidiano são frustrantes. Muitas vezes, ela quer fazer coisas que ainda não consegue e isso pode causar acessos de raiva, comuns nessa idade. Se seu filho lhe bate, não adianta revidar para “ele sentir como é”. Ainda não há conexão entre os sentimentos dele e os seus. Ele chega a agredir porque não tem vocabulário suficiente para se expressar. Será melhor tentar descobrir as causas da reação e ajudá-lo a usar palavras ao se manifestar: “Bater, não! Sei que você está com raiva da mamãe porque não deixo você pular dessa altura. Mas você pode pular aqui, nesta almofada”.

A linguagem da criança às vezes mascara sua compreensão da realidade. Ela usa palavras sem saber o seu real significado e não entende o ar de reprovação quando você diz: “Mas você prometeu para a mamãe que…” Assim, não convém aplicar uma disciplina rígida. Essa radicalização vai gerar muita batalha e desamor. O desafio é usar criatividade para que a criança passe a querer a mesma coisa que você.

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